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Mais birita, comprimidos e substâncias parasitas. No quarto, o balé orgiatico dos corpos encena os rituais dionisíacos. Três caras e duas góticas branquelas meio rechonchudas, conas novinhas e vermelhas. Roupas pretas, crucifixos, all-stars, maquiagem e toda aquela rebeldia sustentada pelos pais. Penso em aderir à coreografia, mas ainda não estou chapado o suficiente pra ficar nu na frente de outros caras. Limito-me a beber e observar. Fodem feito loucas, com um certo frenesi doentio, como se a existência dependesse daquelas picas; sexo catártico, como se expulsasse alguma coisa da mente - talvez as merdas que leram de punheteiros como Byron e Kafka. Cavalgadas e estocadas nirvânicas. As formas de Platão provavam sua perfeição ao se encaixar umas nas outras. Suor e sêmen se entrelaçam na dança ascética do corpo, ele não é mais objeto da ótica divina – é vivido do ponto de vista da língua, dos olhos, dos pêlos(,) da buceta(,) do pau(,) da gruta(,) do nariz... A celebração da carne sendo consumada.
Algo acena pra mim no escuro do outro canto do quarto, vou até lá. Vejo Dioniso, uma corda na janela o enforca - o capital lhe impôs outra máscara. Dou-lhe um gole de birita, por um instante muda-se o seu aspecto decrépito. Fausto de épocas esquecidas. Os deuses desceram do Olimpo novamente, fizeram-se imagem e semelhança do homem. Tiro sua máscara. Compartilho a garrafa enquanto assistimos os momentos finais da transa.Dioniso conta-me seus segredos, o deus da antigüidade está gordo e cansado; ateu, hoje pensa em procurar um emprego, ou um analista, está esquecido em meio aos escombros da história. Chapa-se de roupinol e comprimidos baratos. Veste-se feito um hippie com sandálias havaianas. Não preciso de um deus tão fudido quanto eu. Saio do quarto e deixo-lhe com a birita e alguns cigarros...
Algo acena pra mim no escuro do outro canto do quarto, vou até lá. Vejo Dioniso, uma corda na janela o enforca - o capital lhe impôs outra máscara. Dou-lhe um gole de birita, por um instante muda-se o seu aspecto decrépito. Fausto de épocas esquecidas. Os deuses desceram do Olimpo novamente, fizeram-se imagem e semelhança do homem. Tiro sua máscara. Compartilho a garrafa enquanto assistimos os momentos finais da transa.Dioniso conta-me seus segredos, o deus da antigüidade está gordo e cansado; ateu, hoje pensa em procurar um emprego, ou um analista, está esquecido em meio aos escombros da história. Chapa-se de roupinol e comprimidos baratos. Veste-se feito um hippie com sandálias havaianas. Não preciso de um deus tão fudido quanto eu. Saio do quarto e deixo-lhe com a birita e alguns cigarros...