Uma noite
Carros vêm e vão. Mais playboys, dessa vez perguntando onde comprar pó, ensino. A sordidez humana não vê os limites entre as castas. Outro carro, um gay querendo ser enrabado – não, obrigado. Tiros ecoam em becos e vielas... A noite fala, vibra, pulsa à olho nu. Aqui não há anjo da guarda, aqui não há Cristo Redentor. Encontro K. em uma esquina escura, compartilho a garrafa. Papo furado, sorrisos, envolvimento, volúpia. A experiência veterana ao abocanhar o meu cacete - cuspe, torções, mordidas, gemidos. Engolidora de líquidos estranhos. Gozo.
- Até mais.
- Tchau.
3:30h da madrugada. Longe, o tom vermelho dos faróis da polícia, nesse lado da cidade todos são vagabundos – zona norte, último trago, último gole, vou pra casa. Bêbado, mais uma vez a briga contra o cadeado do portão, ganho, mas perco pra porta da sala. Deito com os cachorros na área, eles me acolhem. Este é o meu lugar... Este é o meu lugar.
(Imagem: Noite estrelada - Van Gogh)
2 Comentários:
Os seres mitológicos da noite!! OS caminhos que se cruzam na cidade morta!! O texto tá massa man!! Além do q faz mensão a velha Zn de guerra kkkk
E se formos prestar atenção, mesmo não frequentando tais lugares, somos todos assim. Esse mesmo espírito... é o que nos faz humanos.
Eu realmente gosto da sua forma de escrever. Fato.
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